segunda-feira, 11 de julho de 2011

"Falando assim parece exagero

[...]Mas se depender de mim eu vou até o fim" ♪

Sou uma egoísta circunstancial, nem me lembro de quando me tornei assim. Mas ser egoísta é preciso. Por que olhando de fora, a gente sempre acha que não irá sobreviver a uma situação da qual temos muito medo. E é exatamente por isso que a gente tem medo. Mas quando acontece não resta outra opção senão sobreviver, o que, no fim das contas nem é tão ruim.
Quer dizer, no início é ruim, é difícil, é novo e gera muito medo. Eu me permito sentir dor, tristeza e até mesmo auto-piedade, mas apenas por 2 ou 3 dias, nada mais. Depois desse pequeno luto é hora de recomeçar, levantar a cabeça e seguir em frente. O mundo não pára só porque estamos com problemas. Claro que ficar no mundinho de “eumeodeioequeromorrer” a lá Kurt Cobain é bem mais fácil e seguro, mas seguir em frente é preciso.
Lembro-me como quem se lembra de um sonho confuso do momento em que a vida me confrontou com a situação que gera mais medo. A hora da perda é muito estranha. Parece que você está pisando sobre nada e que o céu também está interessado em cair na sua cabeça.
Houve também a tristeza de não encontrar seu nome na lista colada na parede, enquanto as pessoas a sua voltar riem, comemoram e pintam umas as caras das outras.
Palavras ferem, ouvir certas coisas da boca de pessoas que você tanto ama é difícil.
Acredito que já passei por muita coisa difícil, que cheguei ao fundo do posso. Achei que era o fim.
Foi então que eu consegui chegar ao espelho. Pra encarar o mundo nos olhos eu tinha antes que me encarar nos olhos. Assumir meus erros, parar de sentir pena de mim, deixar de dependência (seja de amigos ou família), trabalhar, estudar... Ser independente. Eu gritei, chorei, magoei pessoas que amava, encarei tudo de frente. Eu não sei ao certo, mas acho que foi daí que começou a nascer a força. Eu a sentia chegar devagar, quando eu tinha uns rompantes de vontade de sair, de escrever, de me arrumar e outras coisas que me são tão naturais, mas que, naqueles dias, não eram. Eu até achei que voltaria a ser algo parecido com o que eu era antes de tudo. Mas fui surpreendida, o resultado foi maravilhoso. Meu corpo, meus membros, meus órgãos, minhas células, meu consciente, meu inconsciente, minha memória, minha alma, meu coração, enfim, essa coisa toda que a gente chama de "eu" sofreu uma mutação, sabe como? Um dia eu acordei, decidi que a luta tinha chegado ao fim.
Que era o dia da minha independência. Iria deixar de ser criança birrenta, manhosa, que lutaria pela minha causa.
Comendo, sorrindo, escrevendo, saindo, conhecendo gente, organizando festa e viagem, fazendo mil e um planos. Trabalhando loucamente, como se meu trabalho fosse a coisa mais importante do mundo. E, de certa forma, é mesmo, porque meu trabalho sou eu. Minhas amigas sou eu. Meus amigos sou eu. Meus pais sou eu. Meus textos sou eu. Meus projetos sou eu. A força reduziu certos sentimentos a pó e me trouxe essa descoberta de que não havia sido deixada nenhuma lacuna na minha vida. Eu perdi alguma coisa? Perdi, talvez. Mas nem tudo o que se perde tem valor e é bem por aí mesmo. Alguém pode pensar que isso é conversa de mulher recalcada. Tudo bem. Fiquem à vontade com seus pensamentos. O que os outros pensam de mim não sou eu e vocês já devem ter notado pelo rumo do texto que o que não sou eu não me interessa mais. Nada daquilo me interessa mais.
É sempre assim, pra querer mudança tem que começar mudando. Pintar as unhas de cores que você nunca pensou em pintar, cortar o cabelo curtíssimo, escovar ou cachear, fazer uma tatuagem, regime ou comer tudo que tem vontade. Deixar aquela personalidade boba e subserviente, chega de mentir pra si mesma, assuma e corra riscos.

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