Eu sabia que isso ia acabar acontecendo. Cedo ou tarde sempre acontece. Eu tinha perdido o encanto, isso mesmo, a graça de viver. Então fiz planos, tracei metas. Cortei o cabelo, comecei a juntar dinheiro, começo a faculdade no dia 25, estou fazendo curso de inglês...
Toda essa novidade está me fazendo muito bem, não sinto mais solidão e muito menos necessidade de ter outra pessoa para me sentir completa. Estou gostando mais de mim.
Ainda estou bem estressada por causa do trabalho, mas menos desesperada.
Vai ver que é isso que reflete na minha alma e quando eu percebo, sinto-me exatamente assim: bagunçada, como se estivesse fora do lugar. É um sentimento forte de não pertencimento, estranho. Aparece com muito mais freqüência nos domingos.
Pergunto-me se realmente estou fazendo a coisa certa.
Durante o resto da semana acho que vou me acostumando, mas aí os finais de semana chegam e eu me sinto tão acolhida, tão protegida, tão perfeitamente encaixada, que quando tenho que voltar à vida e à rotinha, me sinto um verdadeiro peixe fora d'água.
É como se absolutamente nada fizesse sentido. Sinto que as pessoas são cópias umas das outras.
Dá-me um pânico, Eu não quero ser assim, não quero perder minha sensibilidade, minha cor. E logo eu que pensava: no futuro vai ser diferente. Enganei-me imensamente.
E aí que fico nisso. Sigo a certeza clara, fria e direta: eu não pertenço à esse lugar.
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