Detestava passar naquela rua, odiava encontrar aquele menino magro, esguio, loiro, mas sem duvidas odiava ainda mais os comentários.
Antigamente aquele caminho me deixava angustiada, e eu sempre chorava até chegar em casa. Coisa boba de adolescente com opinião ainda em formação.
Hoje faço o mesmo percurso e mesmo depois de muito não vê-lo, sua presença não me incomoda mais, é com alivio que sei que essa rua não me magoa mais.
E eu chego até a sentir pena, ele já não é mais bonito, não tem uma profissão, não estudou, desperdiça agora sua juventude como servente de pedreiro. Não que serviço braçal não seja digno, pelo contrario, foi assim que meu pai me deu tudo que tenho.
Mas o que eu quero dizer é que eu estou passando por este caminho. Que eu estou seguindo em frente. Que eu cresci, tenho minha profissão, sou educada e estou estudando. E que padrões de beleza foram entendidos, agora eu me conheço melhor e me aceito.
O caminho já não me importa mais, a rua não me assusta e a presença dele já não me chateia, e no fundo ele também sabe que nesse momento os ventos sopram a meu favor, nunca mais ouvi os comentários ridículos que tanto me chateavam.
Obrigada George, por fazer parte do meu lado mais pessoal.
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