quarta-feira, 20 de abril de 2011

E fiquei tanto tempo esperando pelo mínimo de atenção, mas nada aconteceu. E ninguém nunca olhou (assim) pra mim.
Se eu tivesse mais tempo...
Agora meu coração está coberto de gelo, não sei ainda de que gelo se trata.
Acho que preciso de um girassol.
É a canção triste da saudade que embala os minutos antes do sono, fecho os olhos e é na linha tênue entre a consciência e a inconsciência que consigo ouvir sua respiração baixinha bem perto.
Escrevendo sinto-me estúpida.

“Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração”

Mas não veio.
Talvez seja melhor que não volte nunca mais.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Prendo-me ao meu antigamente, é que antigamente tudo era muito mais fácil, mais bonito e mais doce. É que antigamente é uma ilusão, a memória filtra toda dor e tristeza, sobrando apenas as partes boas. Na cabeça de cada pessoa, o antigamente é um lugar diferente no tempo. O meu antigamente é a liberdade dos pés no chão, das mãos na lama, das gargalhadas, o banho de chuva. Cada um escolhe o que quer chamar de antigamente, seja uma fase ou simplesmente dez anos atrás, só que acontece de sempre escolhermos as partes boas, como quem diz para o presente: "é assim que você deveria ser".

O meu antigamente tem gosto de Push Pop. Antigamente não existia para mim nada mais saboroso que aquele pirulito. Pois é, no meu antigamente ganhar um Push Pop era a coisa mais incrível do mundo. Eu ficava esperando meu pai chegar para pedir dinheiro para ele e ia correndo comprar na vendinha perto de casa.

O cheiro do meu antigamente era um misto de perfume com café-com-leite, que alguém molhava o pão e me dava na minha infância, eu era nova demais para conseguir lembrar quem era a moça sentada na varanda comigo que pacientemente me alimentava enquanto eu brincava. Era também o álcool que vinha impregnado nas folhas mimeografadas que as professoras distribuíam nas salas de aula. As lembranças do colégio fazem uma pequena parte do meu antigamente, não tive muitos momentos bons na escola
No meu antigamente comprar era muito fácil. Com um real dava para comprar tanta coisa. Eu tentava juntar dinheiro para comprar um salgado no colégio, nem me lembro o valor, mas como minha mãe sempre mandava lanche, as moedinhas eram poucas. Mas nunca fui boa em juntar dinheiro, gostava mesmo de gastar minhas moedinhas com balas Icekiss e ainda fazia “galinha gorda” com as que sobrava. Outro luxo de antigamente era a “galinha gorda”. Nunca mais vi ninguém jogando coisas de “galinha gorda”. E se não desse para comprar, ainda era possível trocar. Minha mãe nunca gostou, mas eu adorava trocar. Trocava-se adesivos por figurinhas, trocava-se garrafas vazias por picolés, trocava-se até as frutas dos pés de arvore do quintal.

No meu antigamente ficar acordada até tarde era ir dormir às 21h, esperava a minha musica preferida tocar na rádio, chegava correndo da escola para ver Malhação, chorava por causa de uma nota baixa, jogava bola.
No meu antigamente sofrer por amor significava não ser notada pelo menino do ultimo ano, que tinha pelo menos quatro anos a mais. Ter muito trabalho para fazer significava passar a tarde pesquisando em livros enormes. Ter problemas financeiros significava não conseguir juntar dinheiro pra comprar os pôsteres do Hanson. Antigamente tudo era mais fácil, bom o bastante para deixar saudades.
E fico tranqüila por saber que hoje vai ser antigamente de um tempo futuro e só depende de mim para que as lembranças sejam tão boas como as que tenho hoje.



"Refazendo sonhos que já tive
Eu, você e o mundo em movimento
São os erros do desejo
Você está em tudo que eu vejo..."

quarta-feira, 6 de abril de 2011





Tem alguma regra que me faça ser assim, tão preocupada e envolvida. Não posso ter tantas responsabilidades, ainda tenho brilho nos olhos, ainda sou jovem, não é justo que tenha que ter tantas obrigações.
Quero correr na chuva, andar descalça, beber até ficar tonta, cantar, rir... Ainda tenho tanto lugar para conhecer, tantas pessoas para me apaixonar. O primeiro passo tem que ser tomado, tenho que permitir-me.
E hoje eu posso.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Só existe uma brecha, não precisa ter obrigações nem títulos. Egoísmo talvez. Mas não vamos nos prender aos rótulos, não precisa de nomes.
É a simples alegria do ser, e eu sou.
Não sei por quanto tempo. Porque, olhando de fora, especialmente, se for um dia que amanheceu nublado e já está aberto, com o sol quente as dez da manhã, olhando assim pela janela, tudo o que vemos é a rotina e o cansaço, o fazer e fazer novamente, esmagando todos os sonhos.
E todos os julgamentos não apagarão o brilho irradiado dela, seja de madrepérola ou vulgar lascas de mármore. E Vinicius de Moraes que me perdoe, mas beleza só é fundamental aos olhos de quem não vê com o coração.