sexta-feira, 20 de maio de 2011

"A minha estrada corre pro seu mar..."

Sabia que estava cometendo um erro diferente, mas que não deixava de ser um erro. Tomei um café e fumei um cigarro, estava ansiosa, queria que o relógio acelerasse.
Pode entrar, gritei do segundo andar, deixei a porta da cozinha aberta, pode pegar o vinho que pus de manhã na geladeira e já deve estar frio. Estou no banheiro, você deve passar por mim e me cumprimentar, ou já vá pro quarto, tire a roupa e encha as taças, pode fumar, tem cigarros na cômoda, são seus preferidos. Ainda me lembro quando me pediu em casamento e me olhava nos olhos com teus gestos lentos, disse que podíamos ficar juntos se eu quisesse. Tua boca curvava meio trêmula, fazia uns desenhos sutis, meio estranhos. Você abusava do poder que tinha sobre mim, de poder manipular minhas ações pelos meus sentimentos, isso era tão fácil. Desleal. Você vinha e me fazia de boneca. E eu ainda te via em todos os lugares, e quando não via, era porque se escondia. Você sempre quis se mostrar involuntariamente, expelir seu drama natural, seu teatro de vida. Sempre te via nas esquinas, percebia a luz do teu olho quando olhava para outros. E olhava teu olho, beijava teu beijo, dizia que tudo o que escrevia não eram pra você - mas era-, e sentia tudo que me sentia sem necessariamente querer; como numa espécie de força motivacional: imoral, ilegal, vulgar.




"Agora vem, prá perto vem
Vem depressa, vem sem fim
Dentro de mim
Que eu quero sentir
O teu corpo pesando
Sobre o meu
Vem meu amor, vem prá mim
Me abraça devagar
Me beija e me faz esquecer..." ♪

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