segunda-feira, 12 de setembro de 2011

“Fazia muito tempo que eu não tinha vontade de sorrir para nada nem para ninguém, então era extraordinário que ele conseguisse perturbar assim os cantos de meus lábios, fazendo com que eles se movimentassem duramente, numa tentativa de se abrirem. Mas não sorri. Sabia de meus dentes sujos, sabia da escuridão de minha boca. E não queria assustá-lo, sobretudo isso: não queria assustá-lo porque poderia retirar a mão de minha testa e levantar-se daquele lugar. Há muito tempo ninguém me tocava. Acho que ele sentiu o meu sorriso preso e a minha confusão, porque perguntou devagar alguma coisa, exatamente como se tentasse quebrar um momento de embaraço. Não sei que coisa foi, também não sei o que respondi. Sei que depois de ouvir minha resposta, afastou-se abanando a cabeça e dizendo que não era possível, que não ia dar certo, que ele sabia que não tinha jeito. Abriu os braços e voltou a confundir-se com a parede.”

CAIO FERNANDO ABREU

É que desde sábado uma onda de tristeza trouxe nuvens que encobriram meu céu e hoje eu acordei assim nublada. Hoje eu estou cinza, assim como o dia.
É que o calor do toque dele me deixou tão feliz que agora estou com ressaca de felicidade.
Ainda ando enojada do mundo, ainda espero uma justificativa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário