sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ontem meus pés tropeçaram em alguém do passado, duro feito uma pedra, o passado. Exatamente daquele passado lá longe que se quer deixar mais longe ainda, que foi tão importante e presente, mas que agora quer que suma, morra. Esse, das coisas já-ditas e já-feitas, sem nenhuma inocência (essa a gente perde na infância mesmo). Cai uma chuva torrencial agora. De ranhuras o cenário é composto de belas e pequenas e desbotadas fotografias de pessoas irreais que nunca estiveram lá com seus sorrisos.
De par em par os espelhos são cobertos e virados para as paredes, não quero encarar meus olhos e ver meu passado dentro de mim. O tempo que enferruja as coisas e escorre mostrando que também a parede está em carne-viva. E o outro que desponta olhando por detrás dos ombros, aquele que tropeçara feio e levantara bem os olhos para fitar o rosto abruptamente descortinado. Como um tapa na cara, o futuro desponta sua existência e marca com sangue a presença fantasmagórica daquilo que nunca deveria ter se tornado algo, e sim, sido consumido, tragado com pus e desgraça, afinal, somente quem luta limpo tem direito à vitória. Mas, quem sou eu para querer tudo isso? Se nem ao menos as pestes fizeram seu trabalho, como combinamos.

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