segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pequenas Vitórias

Aos meus 12 anos, vitória de verdade seria sair de casa aos 18. Aos 14 era começar uma etapa nova, conhecer tudo que podia daquele mundo. Aos 15 era conseguir sair sem minha mãe saber e ficar com aquele cara lindo do colégio. Aos 16 era passar no vestibular. Aos 17 era ser feliz a qualquer custo. Aos 18 era ter independência, sair de toda aquela confusão. Entender egoísmo e porque as pessoas que a gente mais confia é justamente quem nos trai. Aos 19 era conseguir viver sem ele. Aos 20 era tentar não enlouquecer pela falta de alegria. Aos 21 anos era chegar em casa do serviço e dormir. Agora aos 22 eu me pergunto onde estão os sonhos? Estou velha e sem entusiasmos para pensar em começar qualquer atividade nova, não sei mais se quero as aulas de inglês, Frances, fotografia. Acho que nada mais importa. Não quero me importar com as derrotas, foco nas vitórias...
Me concentro nas pequenas vitórias. De quando conseguir me manter em pé num patins pela primeira vez. Sair sozinha e me divertir muito, aquele Adidas branco com as listras pretas que o meu salário comprou (em 4x, mas comprou). Uma pequena vitória que me leva a outras. O primeiro show do Capital Inicial, o segundo, uma vitória. Terminar de ler aquele livro que eu comprei há dois anos é uma vitória. A primeira medalha que eu ganhei. Cortar o cabelo bem curto pela primeira vez é uma vitória, o piercing tão desejado, mesmo que 2 meses depois eu tenha tirado ele. Cada dia que eu me esforço tentando não levar a vida ao extremo, 8 ou 80 e deixando as coisas fluírem é uma vitória contra a minha ansiedade. Quando de noite, eu não liguei pra ninguém, e sofri calada a minha dor, foi uma vitória. Quando consegui deter versos tristes que eu escreveria, foi uma vitória. O cigarro que não fumei, o cinema que eu neguei, são as minhas pequenas vitórias. O ciúme que eu calo, e deixo quieto de lado, é uma vitória. Os pecados que não cometi. Minha coleção de pequenas vitórias. Quando eu olho para você e consigo não te amar, apesar da sua “perfeição” é uma vitória. Se boa, ou ruim, só o tempo e você podem dizer. Não mentir que não estou é uma vitória. Não jogar sobre as pessoas as conseqüências dos meus erros. Não “jogar na cara” erros que já foram superados. Não supervalorizar a opinião dos outros é uma vitória e tanto. Deixar o preconceito de lado, ler livros para adolescentes. O dia que não chorei, a cobrança que não fiz, o café que não tomei, ilustram ainda a minha lista de vitórias pequenas. O conselho que não dei, aquele outro que não pedi. O brigadeiro que não comi, o romance que não assisti, a critica que não fiz. A ofensa que calei, a mágoa que não guardei. A roupa que não comprei, o livro que não pedi de volta, o abraço que não neguei, a saudade que não alimentei, o e-mail que não respondi, o amor que eu não cobrei. Pensando bem, até agora eu mais venci do que perdi. E para mim, pensar assim também é uma vitória.

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