segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"Á primeira vista todo risco é ameaça e o medo que a gente passa cimenta os pés no chão."JV

Disseram-me que meu sorriso anda sumido, e o que antes era tão colorido se tornou cinza nesses meus dias. Disseram-me que meus olhos meios inchados, como se tivessem chorado, estavam naquela tarde. E agora eu já não sei dizer mais, se me dói te ver feliz ou te ver sofrer. Sentimento egoísta, querer que sintas a dor que sinto. E dói também saber que não me permites estar perto para dividir meus sentimentos. Falei em ver, mas não te vejo mais faz tanto. – “Te ver não é mais tão bacana quanto à semana passada (...) mas ficou tudo fora do lugar, café sem açúcar, dança sem par. Você podia ao menos me contar uma história romântica” – mas nenhuma história mais me toca, me encanta. Cantar Legião fica vazio e sem sentido agora. Talvez estas sejam minhas últimas palavras sobre o que eu achei que era amor. Andei pensando nas minhas promessas de antes. Quanta mentira eu já disse, sem saber que era mentira. Prometi esperar por alguém toda a vida, disse que o que eu sentia era incondicional, disse que amava. E eu não esperei dois meses, o sentimento incondicional dependia da recíproca, o amor era doce e se acabou. E então eu acho mesmo que não devo mais falar nada, mas só agora me dei conta, de quanta coisa não dita eu guardo aqui. Hoje enquanto eu arrumava o quarto, senti uma coisa estranha um bloqueio parcial da garganta. A dificuldade de dormir na noite anterior, a vontade de chorar baixinho e as palavras, essas que são tantas. Boas, ruins. Já são muitas as músicas que não ouço mais. E vou largando os versos, os compassos, as páginas, os sonhos, as dores. E fico assim não sentindo, deixando o vazio me consolar. Racionalmente escolhendo não sentir, é prudente não sofrer. Alguns dizem que minto pra mim. Outros que é melhor assim. Me perguntaram o que eu faria se te visse aqui de volta. Se me ligasse, pedindo desculpa, pedindo pra ficar mais um pouco. Foram capazes de apostar que eu te aceitaria, perdoaria. Mas eu já não sei. Eu te conheço, sei que não vai ligar mesmo, que não te enche de preocupações por mim, que pra você tanto faz como estou até que precise de mim. É capaz de fingir não ver a dor que me causou. Eu li nossa ultima conversa, eu revi nosso último dia, eu lembrei do seu último telefonema. Aquela música que tocava era nossa, hoje já não sei. Não temos nada nosso. Eu quis saber onde você estava - bem que você podia me ligar, como vai o que tem feito? Disfarçaria pra não dar nenhuma bandeira, pra fingir que está tudo certo ... – Porque eu queria mesmo ouvir tua voz hoje. Nesse dia tão estranho, que eu lembro de você, e o pranto não me chega, e meu rosto continua seco... e penso que talvez está mesmo, apesar de tanta chuva, muito seco tudo aqui dentro. E isso me assusta. Eu não era assim antes de você.

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