sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

CAZUZA - Eu preciso dizer que te amo

Depois de ontem já era de se esperar que o post de hoje seja sobre ele, CAZUZA, é impossivel ficar indiferente.
O que vislumbrou meus olhos não foi a beleza, comentarios bestas não me irritariam daquela forma se fosse a respeito de outra pessoa, mas sobre o Poeta é diferente.
Queria que o tempo parasse ali, era como se desse pra sentir a presença dele. Não era saudade, não posso sentir saudade de um tempo que nem tinha nascido ainda. Não era esse o sentimento, era como se eu pertencesse ao tempo errado. Era como se eu tivesse visto tudo aquilo, não só visto passivamente, mas vivido.

Então deixo um texto lindo do Capixaba Jose Roberto Santos Neves, que diz com todas as palavras o que todos nós sentimos... CAZUZA - Eu preciso dizer que te amo!

“Dedico esta música aos filhos da puta que governam este país”. Foi assim que você anunciou a canção “Mal Nenhum”, em um show no Ginásio do Álvares Cabral. O ano era 1987 e havia pouca gente na casa. Você tinha acabado de lançar seu segundo CD solo, “Só se For a Dois”. No meio do espetáculo eis que surge Lobão, com uma garrafa de uísque na mão, para um dueto impagável. Sim, vocês não podem fazer mal a ninguém, a não ser a vocês mesmos. Nós – os fãs - captamos a mensagem.
Ah!... Cazuza. Que falta você nos faz. Sua grandeza, sua coragem, suas “milhares de metáforas rimadas”.
Você que não foi convidado para esta festa pobre, arrombou as portas da hipocrisia com um papel, uma caneta e um microfone e ainda teve a generosidade de “pedir piedade a essa gente careta e covarde”. O nosso doce exagerado, que um dia cantou “eu não amo ninguém e é só amor que respiro”. Que liquidificou as desilusões de Antonio Maria, Dolores Duran, Maysa e Cartola com o vigor de Jagger & Richards, Hendrix e Zeppelin num “pierrot retrocesso meio bossa nova e rock and roll”.
Sim, poeta, até hoje nós queremos uma ideologia para viver. O nosso povo tenta mudar o Brasil, mas a piscina do poder continua cheia de ratos. Somos maiores abandonados em busca de proteção, e as mentiras sinceras – por que não? – nos interessam, e muito. Nossos heróis ainda morrem de overdose, e a burguesia continua virando a cara para a dor alheia. Ela fede. Sabe... Às vezes “eu queria ter uma bomba, um flit paralisante qualquer”, para soltar em cima desses porcos “que transformam o país inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro”.
Ah!, Cazuza! A gente anda tão down... E até hoje se pergunta por que você, que tanto nos protegeu da solidão, teve que pegar um trem para as estrelas tão jovem, com tanta coisa para dizer, para brigar, para ver.
Você não conheceu o telefone celular, a internet, o Twitter, o Facebook, as redes sociais, o Big Brother. O que será que iria dizer de toda essa “droga que já veio malhada antes da gente nascer?” Difícil saber. Ainda mais vindo de quem sempre nos surpreendeu ao transformar o tédio em melodia e nos ofereceu uma dose farta de veneno antimonotonia. O que todos nós sabemos é que enquanto houver amor nessa vida – todo amor que houver nessa vida – seus versos e sua voz irão atravessar gerações trazendo sempre boas novas pro nosso dia nascer feliz. Até logo, poeta, e, antes que eu me esqueça: eu preciso dizer que te amo."

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