segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Abri os olhos de manhã, mas me doía muito acordar. Aconchegava-me, mas era inútil. Aquele choro contido e envelhecido que não saída da minha cabeça. Pensei na morte, num parto, um lapso, imaginei a dor de um recém-nascido saindo para um mundo muito claro e frio
Essa dor, sim, era física, mas também não posso negar que seja na alma; o choro, se contido, era forçado com palmadas. Tudo se pode enquanto não há discernimento, chorar é das melhores e mais perdidas condições. Mas a dor de acordar depois de emplacentado no edredon, essa era puramente consciente: eu sei que existo, sei de minhas responsabilidades, dos meus problemas e também sei que deveria sair dalí. Sentada o dia todo numa cadeira péssima, o desconforto era certo. O contraste do ar que me acondicionava no trabalho, o brilho da tela do computador... a vida refrigerava e aquecia, mas são as coisas do lado de dentro que mantém a vida , alimentando docemente com estresse e dor. Mudanças tão drásticas de humor, de temperatura, tudo podendo ser evitado se o casulo do cobertor não fosse quebrado às matinais badaladas que soam como trombetas anunciando o dia rotulado, medido e aprisionado previsto... só mais um número para se riscar no calendário, contar as horas , esperar que elas passem e que o telefone não toque. O corpo mal levantava e já estalava todo à tarefa do espreguiçamento involuntário.

Um comentário:

  1. Ah, a vida...
    Uma surpresa a cada instante!
    O que nos resta? Viver intensamente!!!

    Bjbj,
    TL.

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